Foram 168 mortes desde janeiro e, no mesmo período de 2014, foram 159. Médias anuais vêm diminuindo desde criação da Lei Maria da Penha.
G1
O número de mulheres assassinadas em Pernambuco aumentou neste ano de 2015. Só entre os dias 1º e 26 de agosto foram 21 vítimas no estado. No mesmo período do ano passado, foram 17. É um aumento de 23% em apenas um mês. Mesmo assim, a Secretaria da Mulher de Pernambuco lembra que a quantidade de homicídios é menor que as registradas antes da criação da Lei Maria da Penha, que completa nove anos neste mês de agosto.
Considerando todo o ano de 2015, os números também indicam crescimento da violência de gênero. Entre 1º de janeiro e 26 de agosto deste ano, 168 mulheres foram mortas no estado. No mesmo período do ano passado, foram 159. Ou seja, foram nove vítimas a mais, ou um aumento de 5,6%. Os números são da Secretaria da Mulher de Pernambuco e ainda apontam os bairros do Recife com o maior número de homicídios. Nos seis primeiros meses de 2015, o Ibura, na Zona Sul, registrou três vítimas. Foi o bairro com o maior número de crimes. Mas o Pina vem logo atrás, com duas mortes.
O crescimento registrado entre 2014 e 2015, no entanto, contraria a lógica observada desde a criação da Lei Maria da Penha, em 2006. Segundo a pasta, o número de mulheres mortas vem caindo nos últimos nove anos por causa da legislação. De 2006 a 2014 houve uma queda de 28% no número de mulheres assassinadas em Pernambuco. Afinal, o número de homicídios passou de 321 para 259.
“A Lei Maria da Penha representa um grande passo no enfrentamento do preconceito e do crime violento contra as mulheres. Os números mostram que mais de 85% da população conhece a lei. E as mulheres estão fazendo boletins de ocorrência (BOs), estão procurando ajuda. Foram mais de 1,5 mil BOs em Pernambuco”, disse a secretária estadual da Mulher, Sílvia Cordeiro.
Mas Sílvia também lembra que ainda é preciso avançar muito no enfrentamento da violência de gênero. Afinal, os números permanecem altos em todo o Brasil. “As mulheres ainda precisam saber que, se procurarem ajuda, não morrem”, diz a secretária, pedindo que as vítimas de qualquer tipo de violência contra a mulher, sejam ameaças, violência doméstica ou estupro, denunciem os agressores à polícia. Afinal, só assim é possível investigar e combater esses crimes.
Só em 2014, por exemplo, 3.914 denúncias foram investigadas em Pernambuco. Dos homens denunciados, 119 tiveram que usar a tornozeleira eletrônica, após uma decisão judicial, para manter uma distância segura das mulheres agredidas. Entre as vítimas, 70 ganharam proteção do estado, passando a viver em casas de proteção com os respectivos filhos. Em 2014, foram 122 crianças abrigadas no estado. Ainda segundo a Secretaria da Mulher de Pernambuco, entre janeiro e julho deste ano, já houve 2.402 investigações, 57 decisões de monitoramento eletrônico, e o abrigamento de 55 mulheres e 103 crianças.
Diante de tudo isso, Sílvia Cordeiro explica que os números, apesar de reduzidos em comparação aos últimos nove anos, ainda são grandes porque a violência contra a mulher está ligada a uma questão cultural, antiga e errônea, que muitas vezes associa a mulher a uma propriedade do homem. “O crime violento contra as mulheres tem uma base muito complexa, que é relação de poder entre homens e mulheres. Não é um crime comum e a sociedade precisa compreender isso”, argumenta.
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